Aconteceu que eu abri o ovo e que o Deus saiu do ovo. Estava perfeitamente bem e brilhava em constituição transformada; eu me ajoelhei como criança e não consegui entender o milagre. Ele que jazia comprimido no casulo do princípio levantou-se e não se encontrou nele nenhum vestígio de doença. E quando eu imaginei que havia prendido o Forte e segurado no côncavo da mão, era o próprio sol."
JUNG, Livro Vermelho
"A fenomenologia do nascimento da "criança" sempre remete de novo a um estado psicológico originário do não conhecer, da escuridão ou crepúsculo, da indiferenciação entre sujeito e objeto, da identificação inconsciente de homem e mundo. Deste estado de indiferenciação surge o ovo dourado, o qual é tanto homem quanto mundo; no entanto não é nenhum dos dois, mas um terceiro, irracional. Para a consciência crepuscular do homem primitivo é como se o ovo saísse do útero do vasto mundo, sendo por isso um acontecimento cósmico e objetivo externo. Para a consciência diferenciada, ao contrário, parece evidente que este ovo nada mais é do que um símbolo nascido na psique, ou - o que é pior - uma especulação arbitrária e portanto "nada mais do que um fantasma primitivo desprovido de qualquer "realidade".
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